Dinheiro: quanto você precisaria ter para ser feliz?
SÃO PAULO - Todos nós temos sonhos, muitos dos quais envolvem algum tipo de realização financeira. Mas você saberia dizer o quanto exatamente precisaria para ser feliz? Que tipo de aumento patrimonial você precisaria ter para que isso tivesse um impacto na sua qualidade de vida?
Ainda que a maioria das pessoas tenha como objetivo acumular um patrimônio, ou fazê-lo crescer, poucas têm uma idéia clara do quanto precisariam acumular para alcançar a sua
felicidade. Assumindo que você esteja entre a minoria que sabe o que quer, e que tem tudo planejado, você estaria disposto a correr os riscos necessários para alcançar a sua meta financeira?
À primeira vista, a resposta a essa pergunta parece simples, e boa parte das pessoas diria que sim. Porém, recentes estudos na área de Finanças Comportamentais indicam que não é bem assim. O seu
patrimônio, ou seja, aquilo que você já acumulou importa muito para você, e não raro preocupado em protegê-lo você opta por não correr os riscos necessários para fazê-lo crescer.
Lei dos retornos decrescentes
Estranho? Nem tanto. A avaliação dos conceitos de Finanças Comportamentais indica que cada R$ 1,00 que você recebe acima daquilo que considera como essencial para a sua sobrevivência tem menos utilidade marginal do que o real que recebeu antes dele.
Na prática, isso significa que, uma vez satisfeita sua necessidade financeira de sobrevivência (vale lembrar essa necessidade varia de pessoa para pessoa), cada novo R$ 1,00 que você recebe implica em uma satisfação marginal menor do que o anterior. Isso porque a cada novo real que recebe, você realiza necessidades cada vez menos importantes. Uma postura que em economia é conhecida como "lei os retornos decrescentes".
Se o interesse das pessoas diminui a cada novo real que recebem, isso significa que, na prática, nos preocupamos mais em perder um real do que ganhar outro. Em outras palavras, nós sofremos mais com a perda de dinheiro que já tínhamos alocado para a realização de uma determinada necessidade do que o fato de não conseguirmos ganhar mais dinheiro para realizar necessidades menos prioritárias.
Medo de perder é maior
Essa relação de tristeza acontece porque, ao definirmos nossos objetivos, tendemos a priorizá-los. De forma que uma vez alcançada uma meta, outra nova meta surge, e ela é menos essencial do que a anterior que alcançamos.
Em Finanças Comportamentais esse tipo de sentimento é conhecido como aversão assimétrica ao risco. O nome assusta, mas o conceito pro trás é simples: perder dói mais do que a felicidade que temos quando ganhamos.
Para quem discorda, vale a pena uma reflexão. Você se sentiria feliz se tivesse R$ 1 milhão para investir? Feito isso, qual seria o seu próximo passo? Certamente juntar outros R$ 500 mil seria bastante bom. Mas, você não concorda que a tristeza de perder R$ 500 mil seria maior do que a alegria de acumular essa mesma quantia?Investindo em você
Até agora concentramos nossa discussão acerca de patrimônio, quando na realidade a aversão assimétrica ao risco é maior em relação à renda. Sua situação financeira é tranqüila? Na dúvida sobre o que isso significa? Você não pertence ao seleto grupo de
bilionários brasileiros, mas também não se estressa muito controlando cada centavo quando vai ao supermercado (a menos é claro que tenha se transformado em
pão duro).
Caso tenha respondido afirmativamente, você provavelmente irá concordar que um aumento salarial, ainda que bem vindo, não irá alterar o seu estilo de vida da mesma forma que uma queda substancial da sua renda, ou o desemprego.
Reflita sobre tudo isso e faça novamente a seguinte pergunta: acumular mais dinheiro lhe traria mais felicidade? Não seria essa felicidade mais facilmente alcançável se você aprendesse a
gerir melhor aquilo que acumulou? Você está preparado para arriscar aquilo que demorou anos para juntar?
Independente de qual foi a sua escolha uma coisa é certa: tanto quem prefere preservar quanto quem está disposto a correr risco deve saber tomar decisões corretas para o dinheiro. E, para isso, é preciso, além de
planejar, investir na sua educação financeira.
( Matéria do site msn finanças 17/03/06)